Há um objecto que tenho na cozinha, e que uso em múltiplas ocasiões, e ao qual muitas das minhas amigas não dão o devido valor, nem usam tanto como eu: as tábuas! Não entendo! São úteis, ecológicas e decorativas!
Tenho uma tábua de madeira que acompanhou a família do meu marido e que a minha sogra me deu porque sabia que eu gosto de coisas com história. Sobre essa tábua, cortou-se o pão, durante pelo menos três gerações. Apesar de não a usar, quando a vejo lembro-me de almoços felizes, de lanches, de festas, mas também de dias tristes e pão comido em silêncio, dos dias comuns, que recheiam a vida, e guardo-a como um retrato falado de uma família. Mas a minha tábua do pão é usada todos os dias, assim como a tábua do queijo, a tábua do chouriço, a tábua da carne, a tábua para proteger a mesa de pratos quentes e a tábua tabuleiro que serve para suportar tudo o que eu quiser! Apesar do uso, as minhas tábuas continuam a manter os veios da madeira e ligam-me à Natureza, a coisas que continuam vivas para lá da Vida.
Também tenho tábuas velhas - deveria dizer com alguma idade, acho que já não se usa a palavra velho -, mas não as ponho de lado! Dou-lhes outras funções, e sobre elas descasco batatas, cebolas, cenouras e demais coisas. Para quê usar um prato ou uma tábua de plástico, prejudicial desde que são feitos até para lá de os deitarmos fora, quando posso usar uma tábua de madeira? É por isso que nos armários da minha cozinha existe uma divisão vertical onde coloco as minhas tábuas de madeira, que nunca me deixam ficar mal, que não partem com a minha inabilidade, e que sempre trazem a Natureza para onde quer que sejam utilizadas: seja na bancada da cozinha, seja numa mesa festiva.
Ah, e depois tenho as tábuas de cerâmica. Mais ou menos coloridas, com padrões ou texturas diversas, mais coquetes, mais delicadas e a disputar com as tábuas de madeira uma ida à mesa! Sobre elas coloco chocolates, bolachas, pequenas degustações doces. E também elas me ligam à terra. Olho para estas tábuas e vejo o barro, as mãos do oleiro, o surgir da forma, a pintura, o nascer de um objecto bonito, útil e que, como nós, se mescla no ciclo da Vida e da preservação e renovação da Natureza.
Gosto de tábuas, acho-as úteis e não as dispenso. Se irei comprar mais alguma? Claro que sim! Ainda há espaço no meu armário e uso na minha mesa e na minha cozinha!
RM
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